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MAURÍCIO
ESCRITOR
PALESTRANTE
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Ele era temido como o grande ditador da quase falida Empresariópolis.
O seu grande sonho  (que ele não sabia transformar em objetivos) era invadir Clientolândia, um país de futuro que ficava perto de seu reino.


Produtôncio  ficou irritado quando notou que não estava sozinho neste sonho. Seu departamento de Escutação e Fofoca lhe informara que os Concorrencianos, seus mais terríveis adversários, já estavam instalados nos arraiais de Clientolândia, prontos para atacar.

 

E ele teve, então, uma  idéia:  - Vou  falar com os meus generais, pois Empresariópolis  não pode ser maior do que os homens que a compõe.
Foi  provocada  uma  reunião  na  marra.  Quem  não  viesse  teria  sua  cabeça  cortada,  mas  quem viesse, e concordasse com tudo, cozinhasse dialeticamente o galo, policiasse a autocrítica, não só não seria incomodado, como poderia receber um elogio publico do rei.
Nesta reunião o rei esbravejava, espavorido:  - nós temos que encontrar uma  maneira de  invadir Clientolândia,  antes  que  os  Concorrencianos  acabem  com  nossas  malfadadas  chances.  Eles  são uma   ameaça      para   nós.   Por   isto,   precisamos   nos   envolver   numa   metodologia   diretivo -participativa  .  Vocês  são  livres,  somos  uma  democracia  em  expansão,  quem  tiver  uma  idéia melhor que a minha será despedido, mas se a idéia funcionar, será promovido a 4º secretário do  5º tesoureiro  do meu 3º puxa-saco. Se a idéia for boa,  mas não funcionar, será jogado aos jacarés  inflacionados de burguesópolis (um país que fica sempre ao norte de qualquer coisa).

 

Como   os   generais   ficaram   por   um   longo   tempo   com   as   avenidas   do   “brainstorming” engarrafadas, um soldado  raso que entrara na sala de discussões, mas o suficiente para entender a angustia real de Prudotôncio, disse:
 - Majestade, eu tenho uma idéia.
A primeira coisa a fazer é transformar uma desvantagem  em dez vantagens e...
 - Como?  -Interrompeu o soberano de Empresariópolis, isto me parece jogo de palavras...
 - Bem,  continuou  o  soldado,  eu  vou  tentar  simplificar,  pois  este  segredo  de  Ouro  eu  ouvi  nos Oráculos consultores de Mercadôncia. É o seguinte:

 

TRANSFORME NOSSAS AMEAÇAS
EM OBJETIVOS,
TRANSFORME NOSSOS OBJETIVOS EM 10 ARMAS FATAIS . E transforme
ESSAS 10 Armas em 2 oportunidades

 

O  Rei,  os  generais  e  toda  a  corte  ficaram  estupefatos  com  a  incrível    revelação  do  soldado iluminado que de raso só tinha a promoção. E no outro dia, toda a cidade foi até a praça central para ouvir o sábio soldado.
Ele começou a falar do prático para o teórico:
- A primeira coisa a fazer é transformar  AMEAÇAS  em OBJETIVOS. Exemplo: Clientolândia está um pouco poluída  e se continuar a TENDENCIA do MEIO -AMBIÊNTE todo mundo terá que  começar  a  usar  mascara  de  oxigênio.  Ótimo,  sendo  assim,  vamos  descrever  objetivos nascidos  destas  ameaças.    Exemplo:  Introduzir  /implantar  em  Clientolândia  um  aparelho  que chamará  NASÓCULOS,  que  transforma  gás  carbônico  em  oxigênio  (óculos  se  colocam  nos olhos,  nasóculos  é  pra  colocar  no  nariz).  Pronto,  a  ameaça  agora  é  objetivo.  Estes  objetivos, depois,  deverão  ser  por  escrito,  bem  como  mensuráveis,  desafiadores,  importantes,  com  data-falta-limite, etc. Exemplo:  -Aumentar  as  vendas  dos  nasóculos  no  bairro  de  consumidorlândia, de 12% para 15% até março de ...”
-Feito isto, o que falta? – perguntou o rei.
E  o  soldado,  que  depois  foi  sabido  que  se  chamava  Vendorildo,  continuou:  - falta,  agora, transformar os objetivos (que não devem ser numerosos) em 10 armas.
- Mas que raio de Armas são estas? – Se impacientou Produtôncio.
Vendorildo, que depois foi chamado por toda a cidade de Mercadogildo, escreveu na areia duas colunas de palavras, assim distribuídas :

 

1.Espião - Pesquisa
2.Guerra - Produto
3.Aeronáutica - Propaganda
4.Marinha - Promoção
5.Bombas - Merchandising
6.Infantaria - Vendas
7.Porta-aviões- Distribuição
8.Quartel - Treinamento
9.Exército - Pontos de venda
10.Comando Maior - Marketing Integrado

 

- O  Espião  ,  prosseguiu  Mercadogildo,  é  Pesquisa,  pois  o  rei    precisa  saber  os  pontos  fracos  e fortes  de  Clientolândia,  qual  o potencial  de  resistibilidade  ao  nosso  Produto,  que  é  Guerra.  É importante saber quantas pontes existem lá, quantos prédios e pessoas armadas há, bem assim o grau de aversões, necessidades, desejos e preferências dos clientolenses, e  também levantar um gráfico de viabilidade e previsibilidade de ataque, baseado nas boas informações que vieram dos dados  dos  nossos  espiões  (  aliás,  um  grande espião  é  o  submarino:  Ele  faz  pesquisas  de profundidade ( pesquisa motivacionas) e vê o que esta na superfície...).

 

- A    Aeronáutica    é  a  Propaganda,    pois  é  ela  quem  primeiro  aparece  no  céu,  avisando  que  a guerra (o produto) existe e que está chegando na cidade. Uma  boa propaganda (a Aeronáutica), no  entanto,  deve  fazer  as  pessoas  correrem  não  do  produto  (característica) ,  mas  para  os benefícios que  advém depois que ela é consumida (a paz.). – A Marinha  é a Promoção,  pois é ela quem leva o produto ( gue
rra) até o consumidor final, sendo ela a primeira a chegar na terra das  decisões  pessoais.  A  Publicidade,  por  sua  vez,  são  as  matérias  pagas,  as  notícias  (muitas vezes  falsas)  que  se  soltam  sobre  o  produto:  - estamos  vencendo,  estamos  vencendo,  estamos venDENDO). As  Bombas  são  o  Merchandising  ,  elas  ficam  debaixo  de  minas  bem  cobertas onde  cliente  explode  sua  atenção,  interesse  de  e desejo  e  diz:  - estou  envolvido,  não  tenho  por onde  escapar.A  Infantaria,    que  toma  conta  do  território  e  ataca  por  todos  os lados  dos conscientes  clientolenses  é  a  Equipe  de  Vendas  armados  de  pré-venda,  pós-venda  e  da  força persuasiva do argumento certo.

 

- Os  porta-aviões  são  a    distribuição.  E  o  Quartel  é  onde  se  ensaiam  as  amostragens  e  os  prétestes.  É também  onde  acontece  o
Treinamento  de  Dirigido.  O  Exercito,  que  coloca  toda  a  sua força em um alvo focal só, é o  Ponto de venda .E o  Comando, de onde partem as estratégias e as  táticas,  é  o  marketing  integrado.  É  ele  que  fortalecido  nas  informações  do  espião  (  analise mercado lógica) e  no próprio composto da guerra produto (adaptação mercadológica) vai ditar o preço,  a  logística,  marca,  embalagem,  design  , rotulagem,  e  até  a  assistência  ao  cliente(no  caso da  vossa  majestade,  os  clientes  são  os  cativos  escravos  de  vosso  reino  de graça  que  lhe  serão imensamente  gratos  por  tê-los  libertos  da  tirania  do  conformismo,  da  procrastinação  e  do  mal atendimento).

 

- Bem, disse o Rei, mas e as tais das duas oportunidades?

 

 -As duas oportunidades, -prossegue Mercadogildo, são a oportunidade para a ESTRATÉGIA e oportunidade para a MOTIVAÇÃO, pois não adianta a estratégia ser ótima se os seus homens de vendas  (infantaria  e  parte  do  exército)  estão  desmotivados.  A  estratégia  VEM  DE  CIMA,  - a motivação  VEM  DE  BAIXO.  E  um  exército  com    essas  duas  forças  torna-se  imbatível.  A estratégia todo mundo sente, mas não vê. A tática todo mundo vê, mas não sente. O inimigo sabe qual  é  a  tática  mas  não  sabe  qual  é  a  estratégia.  Eles  são  vencidos  pela  força  interacional  dos homens  do  rei  que  é  a  motivação  para  idéias  e  para  a  execução.  O  objetivo  dita  a  estratégia,  a tática dita o plano de ação mas só a MOTIVAÇÃO leva um plano à vitória. O rei, enfim, precisa PENSAR  de  cima  para  baixo  (estratégia)  e  fazer  a  coisa    FUNCIONAR  de  baixo  para  cima (motivação). Sabendo que o casamento destes dois é a eficácia.

 

As idéias de Mercadogildo eram ótimas.
Mas não deram certo por muito tempo.
Um dia Mercadogildo afirmou que o Cliente também é rei.
Sua majestade mandou cortar-lhe a cabeça.

 

MORAL  DA  HISTÓRIA:  Em  terra  de rei  quem  tem  uma  cabeça  só  não  pode  ser  Homem  de Marketing.
(Reproduza sob permissão)
 
Maurício Góis
É empresário, palestrante, autor e estrategista.
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